História
Como surgiu Pedro Miguel?
A Freguesia de Pedro Miguel pertence ao concelho da Horta, na ilha do Faial, Região Autónoma dos Açores e ocupa uma superfície total de 14,71Km2.
Com 738 habitantes (dados censos 2021), a freguesia dista da cidade 6 Km para Norte, enquadrando-se num extenso vale, situado entre a Lomba dos Frades e a Lomba Grande e é atravessada por uma ribeira.
Pedro Miguel é uma das freguesias da ilha do Faial, que mais sentiu a influência flamenga, ficando o seu nome a dever-se, segundo alguns autores, ao facto de aqui ter vivido um indivíduo com esse nome. Outros afirmam que a denominação resulta de uma junção entre o nome próprio “Pedro” e “Miguel”, ambos infantes portugueses, filhos de D.João VI, que protagonizaram um dos períodos mais conhecidos da nossa história. Contudo, nada se sabe acerca de confrontos entre as amadas próximas da localidade de Pedro Miguel.
Para Marcelino Lima, o nome de Pedro Miguel dever-se-ia, então, a “(…) um indivíduo deste nome que ali possuía terras, sogro dum Gonçalves Rodrigues (…)”, versão mais credível por constar esse nome de um alvará de sesmaria, passado pelo primeiro capitão donatário a 2 de janeiro de 1486.
Contudo, a freguesia parece nem sempre teve a designação pela qual é hoje conhecida, vindo mencionada no Livro Sexto das Saudades da Terra, de Gaspar Frutuoso, como freguesia de Nossa Senhora das Neves, a que se adulterou para da Ajuda.
A data de fundação da freguesia também suscita dúvidas. No ano 2000 iniciou-se os festejos dos seus 400 anos, informação recolhida nos “Anais” que indicava a criação da freguesia como sendo de 1600. Contudo, essa data leva-nos a crer que se refere ao início da edificação da Paróquia, uma forma de agrupamento populacional que antecede a denominação de freguesia. Decorria o ano de 1666, e devido ao elevado número de pessoas a residir naquele local, Pedro Miguel foi elevada a freguesia sob a égide da sua padroeira, Nossa Senhora da Ajuda.
Segundo outros registos bibliográficos, já existiam pessoas a residir na freguesia antes das datas referenciadas: em 1520 fixaram-se cá frades franciscanos; em 1600 um delegado do Santo Ofício, Jerónimo Teixeira Cabral; em 1601 D.Agostinho Ribeiro, Bispo de Ceuta. Em 1643, Frei Diogo Chagas, escreve que existiam em “Pêro Miguel” 113 fogos, 276 almas maiores (adultos) e 108 almas menores (crianças)” sendo por essa ocasião vigário o padre Francisco Rodrigues e cura o padre Diogo Gomes.
As primeiras vagas de povoamento flamengo tiveram início por volta de 1468, atingindo Pedro Miguel. Essa presença flamenga ainda hoje é notada em alguns nomes de locais e pessoas: Lomba dos Frades (por ter existindo aí um convento de franciscanos), que separa a freguesia de Pedro Miguel da Praia do Almoxarife; o sítio da Grota Funda, alojado por uma pequena cratera vulcânica, cujo nome tem a sua raiz na palavra Groot , que com o tempo evoluiu para o português “grota”.
No que concerne à influência flamenga nos apelidos, destaca-se o nome Terra proveniente de um fidalgo chamado Josse Van Aard, cujo nome evoluiu erradamente para Jorge da Terra. As famílias com esse sobrenome bem como Silveira são descendentes de fidalgos flamengos que se fixaram na parte norte da ilha.
Teve um fortim denominado Forte Baixo, para vigiar o seu pequeno cais piscatório.
Demografica
Em meados do século XIX, a população de Pedro Miguel rondava os 1757 habitantes, que se dedicavam quase exclusivamente à atividade pecuária e à indústria de lacticínios exportando manteiga em quantidades assinaláveis bem como ao cultivo de cereais e de laranja.
Ao longo dos anos, a freguesia viu decrescer acentuadamente o seu nº de residentes.
1864
1 766
1878
1 665
1890
1 663
1900
1 488
1911
1 271
1920
1 172
1930
1 194
1940
1 295
1950
1 402
1960
1 136
1970
857
1981
693
1991
687
2001
723
2011
759
2021
738
Nos censos de 2001, verificou-se um aumento do n.º de habitantes em relação a 1991, situação essa que se deve à elevada mobilidade populacional resultante do sismo de 9 de julho de 1998, que danificou gravemente o parque habitacional da freguesia bem como a igreja.
Várias habitações foram recuperadas e outras construídas de raiz para albergar quem ficou sem um teto para habitar (Construção de um Loteamento que ficou designado por Bairro 9 de Julho).
Vieram para a freguesia, principalmente para a zona alta, pessoas provenientes de outras zonas da ilha e nos últimos tempos tem se vindo a assistir a uma crescente população estrangeira que decidiu adotar Pedro Miguel como o seu lar.
Censos 2011
Nº
Edifícios
Nº
Alojamentos
Famílias
Nº Indivíduos
HM H M
313
317
268
759
381
378
Censos 2021 (Resultados preliminares)
Nº
Edifícios
Nº
Alojamentos
Famílias
Nº Indivíduos
HM H M
338
328
288
738
380
358
Já não somos um povo que vive somente agarrado à terra, trabalhando os campos e retirando daí o seu sustento. Nos nossos dias, os habitantes de Pedro Miguel são, na sua maioria, trabalhadores do comercio e serviços na cidade da Horta, embora existem algumas explorações agrícolas de relevo.
O Jardim Botânico do Faial, criou o Núcleo de Pedro Miguel na parte alta da freguesia, que visa o estudo e a conservação da flora açoriana (inserida na área da Macaronésia).
A Freguesia possui uma Escola Primária: EB1/JI com cerca de 50 alunos, entre o pré-escolar e o 1º ciclo.
Em setembro de 2016 foi inaugurada as obras de remodelação e ampliação do edifício polivalente, onde para além de sede da junta de freguesia, proprietária do imóvel, estão instaladas diversas instituições da freguesia, como a Casa do Povo, o Agrupamento de Escuteiros 1414, a secretaria do Grupo Folclórico e Etnográfico de Pedro Miguel, um gabinete de enfermagem do Centro de Saúde da Horta e um gabinete da Segurança Social.
*Nota – Biliografia de “Notas soltas de uma memória colectiva”. Autoria de Dalila Silva